PORRADÃO DE 20 ESPECIAL - VIOLÊNCIA NO RIO DE JANEIRO.

segunda-feira, 29 de novembro de 2010

PORRADÃO DE 20 ESPECIAL - VIOLÊNCIA NO RIO DE JANEIRO.

Salve geral . Diante dos graves acontecimentos que estamos vivendo no rio de janeiro, resolvemos fazer um porradão de 20 especial , com algumas respostas sobre drogas , violência , e segurança em geral dadas por algumas personalidades que passaram aqui no porradão ao longo do ano. Claro que essas respostas foram dadas em outros momentos e contextos, mas de toda forma expressão parte das mais variadas opiniões que estão por aí. Eles passaram, você não.

Leia e comente , é hora do debate
 

* LUIZ EDUARDO SOARES
-  Qual a sua opinião sobre a política atual de segurança do Brasil e do Rio de Janeiro ?

Até há pouco tempo, no Rio não havia nenhuma. Repetia-se a velha, desgastada e desastrada prática das incursões bélicas nas favelas, que os políticos gostam de denominar "política de confronto", como se fosse uma novidade. Nada mais velho, nocivo e equivocado. E ineficaz. Só gera morte e sofrimento. Até mesmo para policiais. Os desastres foram tantos e os resultados continuavam tão desanimadores que, ante o desgaste político, o governador Cabral resolveu adotar as UPPs, que são nada mais nada menos do que a retomada de programas que implantamos em 1999 e 2000, com os mutirões pela paz e o GPAE, este implementado pelo ten-cel Carballo Blanco. Apesar do sucesso, esses programas haviam sido suspensos. Aplaudo sua retomada. Os nomes podem ser diferentes. Que o governador fique com os créditos políticos. Ótimo. Tudo bem. O importante é fazer isso a sério e a chegada ao governo de uma pessoa extraordinária, que é o novo secretário de assistência social e direitos humanos, Ricardo Henriques, me enche de esperança. Agora, as UPPS não são uma política de segurança. São uma pequena parte. A parte chave, crucial, continua intocada: a mudança das polícias. Sem isso, as UPPs continuarão a ser apenas algumas ilhas no oceano da corrupção, da brutalidade policial, e também do desrespeito aos próprios policiais.
Quanto ao Brasil, digo o seguinte: Admiro Tarso Genro e acho que o Pronasci, com todas as suas limitações, foi um avanço. No entanto, nem mesmo o Tarso conseguiu fazer o governo federal mover uma palha sequer rumo à reforma (que deveria ser radical e urgente) das polícias brasileiras. Claro que as transformações mais profundas terão de passar pelo Congresso, mas o governo tem influência, tem uma base política, tem poder de mobilizar opiniões, apoios e dinâmicas positivas. Foi uma imensa decepção. Desde que eu saí, nosso plano foi arquivado (salvo em suas dimensões sociais preventivas e educacionais, visando aprimorar a formação policial, duas áreas nas quais houve avanços, graças a Tarso e a Ballestreri). A parte mais substantiva e impactante do plano foi para a gaveta, quando eu saí. E a mídia se calou a respeito. A sociedade não se mobilizou. Já o processo das conferências acabou sendo tremendamente frustrante, justamente porque não interessava ao governo federal que saísse alguma proposta que apontasse no sentido da mudança do modelo de polícia e da reforma policial. Simplesmente porque o governo federal não queria se comprometer. Muito mais fácil é lavar as mãos, deixar o desgaste com governadores e prefeitos, e nas crises aparecer como o bom pai que presta uma ajuda solidária. Quando dois parceiros trabalham juntos, o que há é parceria, trabalho compartilhado. Quem fala em ajuda é porque está fora, longe e estende a mão, eventualmente. Lamento muito também que o governo federal tenha sido pusilânime e conivente com o genocídio de nossos jovens negros e pobres, moradores de bairros pobres, comunidades e favelas. A violência policial no Rio é campeã mundial. Entre 2003 e 2009, inclusive, 7854 pessoas foram mortas por ações policiais no estado do Rio. Adivinhem quantos casos envolveram execuções? Adivinhem onde ocorreram? Adivinhem a classe social de todas as vítimas e a cor de pele da maioria?

* DILMA ROUSSEFF
- Em 2006, na Cidade de Deus, o presidente Lula, acompanhado por ti, assinou um compromisso com a CUFA. Nesse documento dizia que combateria o crack. Esse combate teve inicio no governo Lula?

Sim. O Ministério da Saúde executa um programa específico, lançado pelo presidente Lula, que terá continuidade e ampliação em meu governo, se eleita for. Além de combatermos fortemente o tráfico nas fronteiras.



* WILLIAM DA ROCINHA
-   Que lição trouxe do presídio? É possível uma recuperação do presidiário com o sistema carcerário brasileiro? 

Em primeiro lugar, quero dizer que preguei muito o evangelho naquele lugar. Abrimos uma igreja para pregar a palavra de Deus, e Deus operou grandemente naquele lugar. Marina Maggessi e Fernando Salsicha são pessoas abençoadas por Deus porque eles nos proporcionaram aquele momento, doando-os equipamentos para que pregássemos o evangelho a toda criatura.

Foram quase 200 dias naquele local, onde dormia com setenta, oitenta, e às vezes até com cem presos em um cubículo. Passei os três primeiros dias sem dormir, a cadeia pára meia noite e somente volta ao meio dia, o sono dos presos são primordiais. Também aprendi a me virar dentro da cadeia, talvez você saiba como é ou já ouviu aquele ditado "filho chora e mãe não ver". O vaso sanitário é chamado de "Boy", quando você quer ter uma intimidade, eles chamam de parlatório, tudo lá dentro tem um vocabulário próprio.
Todos os dias às 18h havia reverências aos líderes de facções. É um mundo totalmente diferente deste aqui fora, a cadeia tem sua cultura e regras próprias e você tem de respeitá-las.
Eu posso dizer que com todas as tristezas que passei nos nove meses em que fiquei preso: aprendi muitas coisas e conheci muitas pessoas, até hoje tenho muitos amigos de bem que conheci no cárcere, pessoas que foram injustiças como eu, mas também conheci pessoas que só via pela televisão, que para a sociedade são de alta periculosidade, mas que, muitas vezes, são tidos nas suas comunidades como heróis.
E possível recuperar os presos sim. Desde que sai do cárcere, tenho participado ativamente dos debates que envolvem segurança pública. Fui eleito e participei da 1ª Conferencia Nacional de Segurança Pública, CONSEG. Nela, lutei para aprovar este princípio e diretriz:
- Reconhecer a necessidade de reestruturação do sistema penitenciário, tornando-o mais humanizado e respeitador das identidades, com capacidade efetiva de re-socialização dos apenados, garantindo legitimidade e autonomia na sua gestão, privilegiando formas alternativas à privação da liberdade e incrementando as estruturas de fiscalização e monitoramento; e
- Manter no Sistema Prisional um quadro de servidores penitenciários efetivos, sendo específica a eles a sua gestão, observando a proporcionalidade de servidores penitenciários em policiais penais. Para isso: aprovar e implementar a Proposta de Emenda Constitucional 308/2004; garantir atendimentos médico, psicológico e social ao servidor; implementar escolas de capacitação.
Foi uma vitória dos que defendem este tema. Recentemente, vi uma entrevista do presidente do Supremo Tribunal Federal, no 12º Congresso da Organização das Nações Unidas (ONU) sobre Prevenção ao Crime e Justiça Criminal, que aconteceu em Salvador. Peluso afirmou que há, no Brasil, casos em que o tratamento dispensado aos detentos "é um crime do Estado contra o cidadão". Peluso ainda lembrou declarações do ministro da Corte Suprema da Argentina, Eugenio Zafaroni, sobre graves problemas com os presos na América Latina: "Os Estados nacionais não têm condições, sobretudo na América Latina, de responder às demandas de dignidade humana da condição dos presos". "Nós temos, portanto, que começar a pensar em soluções alternativas à prisão", opinou.
Ainda segundo o ministro, a prisão não tem servido para reinserir ninguém na sociedade e, particularmente, em alguns casos, nós sabemos muito bem, funcionam, nas prisões, até uma escola de crimes. Quem entra no sistema prisional brasileiro, no sistema penitenciário, tende a sair muito pior do que entrou.
Isso tudo acompanhei de perto, vi pessoas serem presas por pensão e voltar um mês depois por assalto a mão armada. Na verdade, eu também sou uma prova viva disso tudo, se eu tivesse deixado me influenciar não estaria lhe dando esta entrevista hoje.
Só para concluir, como o Estado quer ressocializar ex-detentos, se, quando o preso sai da cadeia, nem o dinheiro para seu transporte imediato ganha? É como se dissesse ao preso "vai, rouba novamente", que estou lhe esperando. Já vi preso que saiu da cadeia e, para não fazer besteira, teve de andar quase dois dias para chegar aonde morava.

* LUCIANO HUCK
-   A imprensa paulista se sentiu ofendida quando você escreveu um artigo na Folha de São Paulo, questionando a segurança pública no episódio em que seu Rolex (relógio) foi roubado num sinal de trânsito. A questão é: O que foi mais agressivo saberem que você usa um Rolex ou você "trair" um suposto código de que paulista não pode falar mal de São Paulo? 

Nunca falei mal de São Paulo, no artigo da época eu discutia a segurança pública como um todo e isso não é um problema exclusivo dessa cidade. E sobre o Rolex, cada um usa o que quer. Che Guevara usava um, por exemplo. E ele não é o maior expoente da burguesia moderna, ou é?

* PADILHA
-  Você trabalhou muito a questão da Corporação Militar, incluindo as UPPs. Qual a sua crítica em relação à ocupação das favelas?

Acho que as UPPS são a metade mais fácil de um plano de segurança pública.

O mais importante, e difícil também, e reformar as polícias.





* MIRIAM LEITÃO
-   Como seria possível fazer as favelas brasileiras entenderem de economia e participarem beneficamente desses processos? 

As pessoas entendem mais de economia do que elas mesmas imaginam. Quando se toma uma decisão de compra, poupança, escolha de produtos, a pessoa está participando do processo. Quanto mais as favelas forem protegidas pelo setor público da presença do crime, do tráfico, mais seus moradores terão bens, serviços e empregos oferecidos pelas empresas. Quanto mais os moradores das favelas participarem da economia, e tiverem oportunidades, mais forte será a economia. A inclusão é modernizadora.

* MARCELO FREIXO
- As UPPs estão na moda. O que pensa dessa novidade que virou tema de campanha eleitoral do governador Cabral? 

De certo modo, UPPs são como UPAs: supostas soluções emergenciais para problemas históricos. Claro que não sou contra o fim da estatística de mortes nas áreas com UPPs. Mas é preciso questionar alguns aspectos desse projeto. Antes de tudo, não se trata de uma política pública de segurança pública, mas de um modelo de policiamento que atende a um projeto de cidade. A UPP não existe para garantir o direito à segurança da população das favelas onde é instalada. Existe para produzir obediência nessas áreas de favela e periferia. Não por acaso, as UPPs estão localizadas na Zona Sul, na Zona Portuária, no entorno do Maracanã. Na Zona Oeste, só tem uma UPP e que fica na única comunidade que ainda não era dominada por milícias. Não por acaso, nessas áreas são policiais que assumem o papel de gestor das comunidades tanto para resolver conflitos como até para organizar baile de debutantes. Esse projeto não respeita a autonomia, a soberania dessas comunidades. Não foi construído com a participação da comunidade. A comunidade sequer foi ouvida.

- Quais as vantagens que os moradores de favelas dominadas por milicianos têm em relação ao trafico?

Não há vantagens reais. Milícia é tirania. É a supressão das liberdades individuais. É estado de exceção. Tanto o tráfico quanto a milícia usam a violência para ter poder. A diferença é que as milícias são formadas por pessoas do Estado com projeto político. São mais organizadas.

* GALDININHO
- Por morar na favela muitos jovens acabam virando marginais, o que lhe seduziu a entrar para o crime?

Eu morava sozinho, trabalhava num armarinho e ganhava 50 reais por semana e pagava 120 reais de aluguel, até o dia em que a dona resolveu fechar e me colocar para trabalhar em outro negócio, fazendo quentinha. No armarinho era tranqüilo, mas no novo emprego era muita ralação! Muita coisa e pouco dinheiro. Durante esse tempo tinha um maluco, conhecido meu, que ficava botando maior pilha para eu entrar pro trafico, foi quando eu larguei o trabalho. Esse cara chegou a pagar um mês de aluguel para mim, eu ficava com ele na madruga... Ele deixava mochila, radinho, pistola, tudo comigo. Eu era menozão, com uma pistola na mão e sentia que as pessoas me respeitavam por isso. Eu achava que estava tirando maior onda!

- Onde você mora tem UPP? Você acha que a UPP pode ser a solução para as comunidades ou pode ser mais um problema para os moradores?
 
Onde eu moro não tem UPP, e é super tranqüilo... Agora se a UPP é uma solução ou um problema, depende da polícia que vai ocupar a comunidade. Tem que existir respeito entre os moradores e a polícia.

* TONY REIS
- Nos últimos 20 anos, 3.296 membros da comunidade LGBT foram mortos no país, o equivalente a 164 casos por ano. Quais os principais tipos de crimes ocorridos e o que fazer para não se colocar nessas situações de risco?

Geralmente esses casos têm requintes de crueldade e violência característicos da homofobia. No caso dos gays não assumidos, muitos dos assassinatos ocorre na própria casa da vítima, que se expõe ao perigo com pessoas estranhas e muitas vezes mal intencionadas, e talvez com homofobia internalizada, que acabam matando. No caso das travestis, que por não ter acesso à educação e ao mercado de trabalho, para algumas o único meio de sobrevivência que resta é a prostituição, que pode envolver problemas sociais como o tráfico de drogas e a criminalidade que fazem com que as pessoas corram riscos. Hoje dentro da Secretaria Nacional de Segurança Pública há um grupo de trabalho que está vendo propostas para a diminuição dos casos de assassinatos homofóbicos.



* CAETANO VELOSO
- Em 98, quando Bill e eu começamos a gravar o documentário “Falcão - meninos do Trafico”, previmos que em 2013 haveria uma epidemia de Crack e em 2017 a pior de todas, a epidemia de Merla. Fazendo uma reflexão sobre tudo isso você é a favor da discriminalização das drogas ?

Pessoalmente eu odeio drogas. Não gosto de alteração de estado de consciência. O álcool tem a manha de ir tirando sua timidez, depois seu medo, e quando você fica meio louco já não tem grilo. A maconha já te enlouquece de vez (o "tapa"), sem amortecedores. Fico em pânico. Cocaína é ruim de tudo. Cheirei uma só vez, uma "bundinha", nos anos 70. Fiquei sem medo mas minha boca ficou dormente e minha voz saía como se estivesse usando um megafone. Mas o que parece legal no álcool (e que deve ser a razão por que ele é aceito na maioria das sociedades) perde a graça quando você tem de aguentar alguém bêbado demais e, sobretudo, com os estragos que faz a longo prazo. Mas eu era favorável à legalização e controle de todas as drogas: os impostos seriam pagos, a economia paralela deixaria de existir, a interminável "guerra" aos narcóticos desapareceria - e a publicidade seria proibida (como a do cigarro é hoje). Um dia, em Salvador, vi uma mulher totalmente destruída andando na frente do táxi em que eu ia. Ela estava magérrima, toda manchada, arrancando uns cabelos da cabeça. Era uma visão poderosa. O motorista me disse, com naturalidade: "é crack". Depois vi meninos assim. Decidi deixar meus pensamentos de legalização para mais tarde. Crack destrói muito depressa, vicia muito depressa, é uma droga-lixo, barata, não é algo que se possa pensar em legalizar. As pessoas se atraem pela mudança de estado de consciência: talvez se possa dizer que sempre haverá drogados. Mas algo emergencial deve ser feito a respeito de crack e merla. Depois retomamos o argumento da legalização. Ou: esse argumento deve ser revisto à luz dessas novas modalidades de entorpecentes.

* MANOEL SOARES
- Como começou o seu trabalho de mediador de conflitos?

Desde o tempo que eu tinha medo de apanhar, mesmo hoje sendo um negro de 1,90 e 120 kg, eu era o magrelinho desgraçado que todo mundo gostava de dar porrada. Mas nunca fui bom de briga e tinha que conter meus irmãos e primos quando brigavam. Tive que encontrar um meio de acalmar a situação.
Quando se nasce em meio à violência você tem duas opções: ser estimulador de brigas ou contensor de brigas.

- O que é preciso para acabar com o consumo das drogas? É a favor da legalização?

Acho que não é possível acabar com o consumo da drogas, porque ela atende a necessidade natural do ser humano, que é a necessidade de transcendência. A pessoa quando dorme, sai do seu corpo. Quando faz sexo no êxtase, sai do seu corpo. Quando pula de bungee jump, sai do seu corpo. Atende essa necessidade de transcendência e a droga quimicamente atende essa transcendência. Hoje, não consigo ser a favor da legalização, pois somos pais muito jovens. Há 120 anos eu seria vendido ou comprado por 500, 600 reais... E hoje querem legalizar as drogas? Acho que deveriam legalizar primeiro a educação, justiça, oportunidades iguais para o mercado de trabalho, seria importante legalizar a reinserção do ex-presidiário na sociedade e tudo isso tinha que ser legalizado antes, discutir a legalização das drogas hoje, é romantizar um tema pra ter ibope, quer discutir coisa séria? Quer produzir mudanças de impacto? Então produza alguma coisa séria. Para discutir legalização das drogas temos que legalizar coisas mais sérias primeiro, eu não fico indo atrás desses bate-bocas romancistas, prefiro falar mais sério.

* TARSO GENRO
- O Senhor escreveu um artigo intitulado "Segurança pública: a esperança que vem do Rio" (http://leituraglobal.com/2010/05/20/seguranca-publica-a-esperanca-que-vem-do-rio/). Como o Sr. avalia a atuação das UPPs no RJ e você acredita que a polícia do Rio de Janeiro está preparada para servir de modelo para o país?

As coisas estão melhorando no Rio. Os índices são os melhores em vinte anos. Pela primeira vez, há uma política séria, conseqüente e que já apresenta resultados concretos. Se você me perguntar se está tudo uma maravilha, é evidente que vou dizer que não. Mas passos importantíssimos foram dados. Há um sopro de esperança que vem das comunidades pacificadas pelas UPP's. Mas é claro que precisamos avançar. Aliás, recomendo a leitura do artigo que você mencionou no nosso blog.

* MARINA MAGESSI
- Como você avalia a política de segurança no estado do Rio?

Não existe uma "política de Segurança" . A Polícia "dança conforme a música", ou seja, privilegia a investigação nas comunidades que dão mais problemas a população.

- Houve uma época em que você trabalhava na Delegacia de Jacarepaguá, e no seu plantão a Cidade de Deus ficava vazia, os " traficantes " tinham medo de você porque diziam que você tinha prendido o maior bandido da favela (Walkir) pulando de uma corda de 20 metro de altura e entrando pela janela fechada, e ainda rolando alguns metros, isso é real ou lenda ?

A prisão de Walkir é real, os métodos são lenda. O real é que eu tinha 3 meses de Polícia e era a grande novidade: uma moça bronzeada, quase loura, baixinha e "gostosinha" de metralhadora em punho e tremenda "marra de cão" - Kate Marrone. Estava na DP de manhã quando chegou uma moça com a "cara quebrada", era amante do Walkir e ele lhe dera aquela surra. Sabe como é mulher “mordida"? Simplesmente me chamou e disse onde ele estava. Fomos eu e mais dois policiais. Prendemos o cara, com um bebê no colo dando mamadeira. Isso na cadeia é um esculacho... Por isso, eles (os presos) precisavam supervalorizar a "cana". Tipo: Só Dona Kate para me prender: faz de tudo.


fonte:http://www.celsoathayde.com.br/2010/in.php?id=porradao/porradao_violencia_especial

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